A cerveja e a lembrança de uma mocinha ainda estavam frescas em minha mente. Enquanto meus amigos (a poetada) conversavam, peguei um pedaço de papel e me pus a rabiscar uns versos na mesa do bar. Eis o resltado:
"O Poeta é um Pássaro
Toguei na mão dela,
Apertei seu corpo contra o meu
Queria que o tempo não corresse
Ficasse congelado
naquele momento,
mas sempre esqueço
que o tempo é como asas,
E o poeta é um pássaro
que voa pelas nuvens negras
da decepção,
Sempre a procura
daquele tão ansiado
e perfumado oásis,
onde finalmente
saciará sua sede de amor! "
Minha amiga Cissa leu e me gozou:
--- Mas André! Que coisa mais piegas!
E Paulo sugeriu que o poema daria uma bela canção sertaneja, e começou a cantatá-lo com aquela vózinha fina "a la Zezé Di Camargo". Não fiquei chateado. Achei graça até. Gozação de amigo não dói. Não entra fundo, nem faz estrago. Depois ele deu um desconto, pois percebeu a "sacanagem oculta" no poema (que não era apenas romântico, mas erótico): "...Sempre a procura/ daquele tão ansiado/ e perfumado oásis/ onde finalmente/ saciará sua sede de amor!" (bom, acho que não preciso explicar, né? Isso se chama metáfora!)
Lembro de uma foto de Agnaldo Timóteo no livro "Eu não sou Cachorro não!" sobre a história da chamada musica cafona no Brasil, em que ele aparece chorando, após ter sido brutalmente vaiado por "jovens insensíveis" para com suas musicas cheias de "amor com dor". Muita gente tem ojeriza a esse senhor, pelo seu lado pessoal ou político. Mas não se pode negar, que se tratando do quesito musica romântica, o cara faz de seu ofício, a coisa mais linda! Parem! Parem de jogar coisas em mim, pôxa! Mas não adianta. Estamos falando de sentimentos instintivos. Verdadeiros. Humanos. Caro leitor, não adianta negar. Você pode até disfarçar muito bem. Mas você os tem bem lá no fundo. Sentimentos que chegam a ser hediondos, como o imbecil que jogou àcido no rosto da iraniana, só porque ela não queria se casar com ele. Sim. São sentimentos ridículos, que às vezes, infelizmente, se tornam trágicos.
Em vez de se fazer coisas estupidas, por que não fazer arte com tais sentimentos?
Nando Reis, ex menbro de uma das mais importantes bandas de rock do país, Titãs, e compositor de vários hits para outros intérpretes, recentemente lançou CD e DVD "O Bailão do Ruivão" em que celebra a cafonice (breguice ou pieguice, se preferirem), com participações de gente como Zezé Di Camargo e Calypso (com direito a batida de cabelo da Joelma), sem medo, sem vergonha, e sem estar tirando sarro, como explicou na entrevista dos extras. Não se tratava de seu gosto musical exatamente, mas ele tambem não tem uma "Piegasfobia", e já chegou a tocar ao lado do já falecido Wando, outro ícone da cafonice descarada. Mas tais musicas são coisas que qualquer um acaba ouvindo, independente de seu gosto musical. Mas, como já disse Renato Russo: "Não revele suas fraquezas. As pessoas costumam usá-las contra você." Então, o medo é esse. As pessoas se escondem atrás de um escudo de "bom gosto", se arma com a espada do "descolado" e atacam ferozmente o dito "popular", na ânsia de negação de tais sentimentos cafonas que ela própria carrega. É a mesma coisa que a homofobia.
Mas não adianta. Tal combate é uma farsa. Por isso, dedico essa crônica com todo meu carinho e "coraçãozinho S2" para o casalzinho mais fofo que conheço: Paulo D`Auria e Cissa Lourenço. Presencio o "chamego" entre os dois, e posso dizer que fico realmente emocionado. Apesar de tanto tempo juntos, parecem um casal de namorados que acabaram de se conhecer. É um tal de "amor" pra cá e pra lá. Mãozinha dada e Cissa fazendo voz de menininha. (ou seja, piegas pacas!) E por isso mesmo, a coisa mais fofa! (o Paulo odeia essa coisa de fofo! Mas vocês são fofos, mesmo! Fazer o quê?)
Escrevo esse texto ouvindo Agnaldo Timóteo. Agora está rolando "O Grito", em que ele fala do desejo de dar um grito e chamar pelo nome o seu grande e secreto amor. Mas, se der esse grito...Todo mundo vai saber quem ele ama! Pois essa crônica é meu grito: "Sou cafona sim!" Pois, parodiando Wilde, com sua "Importância de ser Prudente", digo que mais vale é a "Importância de ser Piegas"... Que apesar de realmente, ser idiota a maioria das vezes, é verdadeiro, e se transformado em arte, não machuca ninguem, e a prudência de se trancar a sete chaves, os sentimentos mais cafonas, é apenas perda de tempo. É. Fazer 40, tem suas vantagens (ou é preciso inventá-las).
Um beijo à todos! E, se alguem estiver sofrendo de amor... Não fique alimentando essa dor... E faça como esse senhor... Tranforme em arte todo o horror! (Vixe...)
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
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5 comentários:
Muito bom, Andrezão!
Valeu pela homenagem! Mas não tenho horror a fofices, não, apenas prefiro escrever sobre outras coisas.
Quanto à tiração de sarro, sabe que acho que a música está mais para Reginaldo Rossi que sertanejo e que acho que dá uma bela canção neste estilo. Poderíamos fazer uma bela gravação dela!
Abraços
Aliás, fiquei pensando nisso e sobre aquela conversa que a gente teve há um tempo atrás sobre parar de escrever ao se estabilizar em uma relação. Acho que a resposta está aí. Ja escrevi muito sobre a busca pelo amor, sobre essas paixões repentinas e avassaladoras, quando este era um tema importante para mim, quando fazia parte do meu dia a dia, da minha busca pessoal. Se escrevesse sobre isso hoje, soaria falso. Por isso escrevo sobre outras coisas, coisas que estão no meu dia a dia. É isso, o poeta não pára nunca, o poeta se reinventa.
Mas ainda estou disponível para musicar seus poemas de amor!
Abraço
Ah, e se de repente, amanhã ou depois a Cissa me der um pé na bunda, aguenta a minha choradeira, que o Paulo-Wando volta com a corda toda!!!
KKKK ri do ultimo comentário do Paulão! rsrsrs deve ser muito doido um Paulo-Wando D'auria!
Andrezim!
vc é mestre mano!
Massa essa crônica, como todas as outras!
Abrax!
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