domingo, 20 de janeiro de 2013

Poesia nos Sapatos

Qual o remédio
para meus sapatos furados?
Com o dedo médio
vou e venho em seus buracos

Só pisei em pedras
onde estão as flores campestres?
entre ganhos e perdas
prevejo a morte na faixa de pedestres

Quem me dera
ter tatuado em minha virilha
a marca de batom de Vera
Mas foi mais uma, a juntar-se a velha pilha

A velha pilha de carícias
à saliva que a muito secou,
Confundindo-se a rotina de sevícias
que é a realidade que me encontrou

E que me tirou dos braços de Orfeu,
dos sonhos feito frutinhas silvestres
cujo veneno tão perfeitamente se escondeu
como lobo em cordeirinhas vestes

A sede me faz parar,
Não me preocupo com o horário
Pois o tempo pára na mesa do bar
onde escrevo este poema, como obituário

Causa da morte de uma esperança:
Repulsa e decepção para com o mundo,
que parece só piorar, no lombo do tempo que avança
Dobro a folha em quatro, enfio bem no fundo.

Recheio então, os sapatos de poesia
e nela, agora, sustento meus passos
que me irão levar até o fim de meus dias,
Onde me aguarda, o ultimo e gélido abraço!

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