quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Amargo




O tempo de outrora
é um grão de poeira
dentro do bolso do amanhã,

As circunstâncias
se mexem como monstruosos dedos
mas o grão se afunda mais e mais
Entranha-se na costura do conformismo,

O tempo de outrora
está perdido,
Uma musica,uma fotografia
te faz lembrar dele,

Te faz lembrar
de quem você realmente é,
Pois o estranho no espelho
com certeza não é,

E o fim dos que estão à sua volta
como folhas secas caindo,
Isso é inaceitável,
como a ultima colherada de sorvete,

E você percebe
que a época doce do sorvete da ilusão
já passou,
derreteu-se na boca avida da expectativa,

Não há mais como saciar a sede de alegrias,
Você aceita beber os seus dias
como um remédio amargo,
E ele tem gosto de lágrimas,
"-- Você precisa tomar!"

Com uma careta, você aceita
Não há nada a fazer,
O tempo de outrora
era a mamãe sorrindo
e te dando força,
mesmo sabendo de toda verdade,

O tempo atual
é um doutor carrancudo e mal pago,
que só tem a lhe oferecer o remédio amargo:
"-- Você precisa tomar!"



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