
Sou um zumbi
caminhando sem direção,
um indigente
que já há muito, não estende a mão,
Tiro o que há
de imundo em mim,
minhas entranhas
são a rede de esgoto
de uma alma angustiada,
Meu reto é o anjo caído
que batiza na água parada
o infecto dejeto de minha tristeza,
Sou o dinossauro
que esqueceu que deveria estar extinto,
olhando nos olhos da coruja
no azulejo do banheiro,
Há um abismo de desespero
entre mim e a folha branca,
Ouço uma voz dizer:
-- Pula! Pula! Pula!
Me jogo,
as palavras escritas
são pombas brancas e urubus sombrios,
cada bando agarrando-me de um lado,
Quanto tempo estarei acima do abismo?
-- Você está se masturbando pra mim?
Caio de meu devaneio
em queda livre, sob o rascunho do poema,
Do lado de fora do reservado
ouço novamente:
-- Você está se masturbando pra mim?
Outra voz, trêmula e fina, responde:
-- Imaginaaa! Eu só estava urinando!
A outra voz, máscula e cheia de ódio:
-- Polícia! Vai me acompanhar agora!!
Silêncio.
O que senti ao ouvir esta conversa?
Nada! Nada! Nada!
Não me acusem de mais nada
a não ser, fazer poesia!
Eu só estava de-fe-can-do!
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