segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A Coxuda "Ploc-Ploc"



Olho a noite caindo lá fora, através da janela do ônibus. A escuridão sempre chega, não adianta horário de verão. Não adianta a revista Playboy da Cleo Pires que eu achei na rua. Um paliativo. No fim é só punheta mesmo. Abraço minha mochila, como um corpo feminino a me cavalgar. "Ai Cleo...Pocotó-pocotó-pocotó"... O ônibus pára. Sobe gente. Paro pra observar. Uma menina linda, deveria ter uns 20 anos, com coxas enormes se aproxima, percebe meus olhos colados nas coxas. Senta do meu lado. Lê um folheto religioso falando sobre fé. Viro a cabeça de volta pra janela. Então, de repente ela cola aquela coxona na minha perna. Sabe quando estamos na praia, e bate uma onda e nossa respiração é cortada de repente? Poisé. Ela guarda o folheto. Pega o celular e começa a teclar no tal do 'zap-zap' Minha perna está colada à dela, assim como meus olhos. Aquela coxona é como um imã, puxando o meu 'ferro-velho'. A atração é tanta que finco os dedos no meu joelho, pra não irem parar na coxona da menina. Ela ri enquanto tecla. Imagino que esteja falando de mim. "Tem um coroa que não tira os olhos das minhas pernas! Hi! Hi! Hi!". A coxona começa a se mexer. E as ondas continuam a me atingir. "Ai coxuda!" Haja coração. Ela pega um chiclete. Daí a pouco começa o 'ploc-ploc'. Tecladinha. Risadinha. 'Ploc-ploc'. A coxona desce, o pezinho no chinelinho pisa no meu pé. E fica lá. "Ai coxuda!" O calcanhar quente afunda no meu tênis. Meu pé fica 'ereto', procurando um orifício pra entrar. Penso: "Vou descer no mesmo ponto dela! Isso não vai ficar assim!" Passam-se pontos e mais pontos. Ruas e mais ruas. Os semáforos sempre estão verdes. Sinal aberto para qualquer avanço. Meu entusiasmo me faz suar bicas, apesar do tempo ter esfriado hoje. Meu ponto fica pra trás. Fico imaginando onde será que ela vai descer. Estou bem longe de casa agora. O ônibus penetra dentro da escuridão, como um grande pênis de aço, fazendo a noite 'ver estrelas'. E eu quero copular com aquela menina. "Ai coxuda!!!" De repente o celular dela toca. "Oi amor! Vai me esperar no ponto? Tá. Beijo"! Levanto e dou o sinal. Ela sorri para mim. Mas eu não queria esse sorriso de pouco caso. "Ai coxuda"! Desço num lugar ermo e desconhecido. Muito tempo depois, pego o mesmo ônibus com o qual eu vim, sem a coxuda. Sento. Tiro a Cleo Pires de papel de dentro da mochila. "É. Vai ser tu mesma, minha filha!"
Minha aventura vira uma crônica. E meu tesão vira uma velha revista Playboy com as páginas grudadas. Grudadas como minha perna na coxona de uma linda menina que conheci numa noite de domingo. A vida é engraçada, né? É bom perceber isso, pra gente não enlouquecer.

Nenhum comentário: