
A taça de vinho de minha juventude
jaz despedaçada aos meus pés,
meus sapatos empapados num doce
que já não pode mais ser sorvido,
e não há nenhum cristo
que o lamba de minhas solas
dando-me uma falsa sensação de superioridade,
não há mais o moleque
mostrando o dedo para o ônibus cheio,
cheio de gente de meia idade e saco cheio
olhando praquele imbecil mostrando o dedo,
Sou um carro pegando fogo no deserto,
um carro que já correu muito,
derrapou em curvas perigosas
e continuou sua corrida maluca rumo ao deserto,
não há espectadores,
ninguém se interessa pelas chamas que me consomem,
estão todos correndo rumo ao seu próprio deserto,
o fogo queima o que resta do combustível
e o deserto é o destino dos desejos obsoletos,
O encontro da expectativa com a realidade
sempre será como o pouso da borboleta sob a grande rocha.
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