quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Liturgia da Saudade



Crianças jogam queimada
Sorrio, dor nas pernas, idade,
O fumo que sobe às vistas cansadas
É como incenso, na liturgia da saudade

Me movo na escuridão,
Chorar o leite derramado é inútil,
Procuro os dedos de tua mão
Só encontro o ar que nos separa, sutil

As chamas de teus cabelos
Atraem como imã, esse enferrujado olhar
Mas o teu, posso percebê-lo,
do meu, se põe a desviar

Prisioneira de um pueril
estereótipo de beleza,
Rostos de bonecas são vazios
São pérolas perdidas em meio à correnteza

E é só a tua (acredite) linda face
que me mantém, barco à deriva
na esperança de um resgate

Pois a chama da emoção sentida
não é apenas o desejo de decifrar tua pele tatuada,
Mas embriagar-me de tua alma reflexiva
Algo muito além, de uma mera libido inflamada.

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