
"Me pega"! Parecia me dizer, lá, a disposição e sem ninguém por perto para surpreender o meu delito. Meus dedos trêmulos tocam sua capa macia. Uma convulsão orgástica toma conta de meu corpo excitado. Acordo com a mão enfiada na cueca, apertando o prepúcio, verdadeira bolsa de esperma, que escorre viscoso, por entre os dedos.
Caralho! E inventei de trocar a cueca antes de dormir! Vou pro banheiro, limpo a porra toda. Puto da vida, lembro da matéria que li ontem, que diz que a masturbação é benéfica para se precaver do câncer da próstata. Mas dificilmente me masturbo. Deprimido que ando ultimamente, só descarrego a velha porra após algum sonho pervertido. Que às vezes, nem chega a ser erótico, de fato. Como esta noite, em que sonhei que roubava um livro autografado de Clarice Lispector. A idade e as decepções fazem com que nos excitemos com a boa literatura, deixando os seres humanos quentes e palpáveis em segundo plano.
Enquanto esfrego o papel higiênico na grande mancha da cueca, penso que, se não tivesse a maldita pele cobrindo a cabeça do pau como um capuz, aí não teria jeito, o estrago seria maior e teria que por pra lavar, embora frequentemente mije fora do vaso, quando a "boquinha" do pau se encontra coberta. O que me faz lembrar de um amigo da adolescência que não tinha a tal pele, tendo feito a famigerada "operação da fimose". Um médico esteve na escola, durante uma campanha contra este terrível mal e foi a primeira pessoa que pegou no meu pau. Ele puxava a pele para trás e para frente. O capuzinho de minha piroca passou no teste.
-- Eu dou meu pau pra cachorra da minha irmã, chupar.
-- A cachorra da sua irmã?
Olhei surpreso e incrédulo para meu amigo Ricardo, que se mantinha impassível, comentando seu ato de bestialismo, como se dissesse que comia miojo com feijão.
-- Quer ir no sábado, olhar? Minha irmã vai sair. Vou cuidar da cachorra.
No sábado, estava lá, no quintal da casa da irmã dele. A cachorra olhava pra minha cara, como se esperasse por um movimento brusco, para ter a desculpa para um ataque feroz. Ricardo estava procurando algo na cozinha. "Ela adora"! Retorna ele, com um vidro de mel na mão. Abaixa as calças, a cueca. Tira o pau careca pra fora e brinca:
-- Esse aqui é o Kojak! Dá 'oi' pra ele! Rá! Rá!
Não consigo rir da situação. Ele começa a bezuntar o pau. A cachorra começa a se remexer, grunhir e salivar.
-- Lindaaa!! Vem!
A cachorra enorme, da raça pastor alemão se aproxima e bota linguona pra fora.
-- Hmmm...Bom...Isso...
Ele faz carinho na orelha do bicho, enquanto "Kojak" começa a crescer.
-- Depois você pode fazer, se quiser.
Só de pensar, apertei as coxas, com a ideia pavorosa de que a cadela pudesse me arrancar metade do pau fora.
-- Também não lavo o pau por uma semana. Percebi que ela chupa com mais vontade, quando ele tá com "cheirinho". Rá!Rá!Rá!
Finalmente ele goza e Linda limpa tudo, até as ultimas gotas no chão. O ocorrido não foi nada erótico para mim. Na verdade, o encarei como um evento "gastronômico". Isso mesmo. Fiquei com fome depois. Então lanchamos sanduíches embebidos em mel.
-- A sua irmã namora?
Pergunto, para desviar o pensamento do que acabara de acontecer.
-- Acho que ninguém quer ela. Deve pagar alguém pra comer ela.
Respondeu Ricardo, enquanto folheava distraidamente as páginas de um gibi.
Dia desses, vi um vídeo engraçadinho em que um cachorro chupava um sorvete e lembrei da cachorra da irmã de meu amigo.
Por mais bizarros que sejam os eventos da juventude, mesmo que com uma nota de melancolia, são salutares à lembrança. O prepúcio da inocência e por vezes, inconsequência, é lambido pela língua do tempo, e o que resta é a careca de Kojak. E como o saudoso personagem de TV, chupamos o pirulito da saudade.
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