terça-feira, 24 de julho de 2018

Aleluias! Ou Ode à Rosa dos Ventos



Tesouros ás vezes
são achados por acaso,
Ás vezes, não é preciso arriscar a vida
nem adentrar densas florestas,
às vezes, são garimpados assim, á toa
numa promoçãozinha das Lojas Americanas,
Habituado que estava, com Bethânia,
coloquei o CD para rodar, sem esperar grandes surpresas,
Então, de repente, as lágrimas rolaram,
não as bêbadas lágrimas que descem tolamente
ao se ouvir uma musica de dor de cotovelo,
e sou um dos campeões nesta modalidade,
Dessa vez, não,
Chorei em louvor a beleza,
Chorei em louvor a poesia,
A voz daquela mulher me levou de volta a outro lugar,
habitado por sentimentos mais sutis,
que voavam em volta ao meu pensamento,
como aleluias ao redor de uma lâmpada,
Medo que perdessem as asas e devorassem minha cara de pau,
A voz daquela mulher me levou de volta a outro lugar,
iluminado por um abajurzinho vermelho, entre lençóis úmidos, que ainda guardavam o calor do cliente anterior,
Ela pegou minha mão trêmula e a levou para sentir aquele jardim descuidado,
a grande grama seca infestada de vida,
que carreguei comigo ao deixar a moça sem nome pra trás,
Não perguntei, nunca é o nome de verdade mesmo,
De repente, a musica parou,
E foi como se acordasse de um sonho bom,
e me desse conta da realidade estéril,
Acordei e estou atônito até agora,
me aproximo de minha mãe, que reclama por causa da tampa da privada,
e lhe peço um abraço,
me chamando de cara de pau, essa que os cupins não comeram ainda,
me dá o abraço,
Aí me dou conta, então,
A beleza nunca estará de fato, perdida,
enquanto existir abraço de mãe.

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