quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Dorival teve Dor de Dente


Acorda cedo, Dorival,
vai pegar logo no batente,
mais um dedo vermelho quebrado, nada mal,
o que lhe incomoda, é esta dor de dente

Trabalha em infligir a dor,
Normal, tudo bem,
mas dor no próprio dente, que horror!
Melhor causá-la a alguém

Alfinete debaixo da unha
e o safado ainda diz que é inocente,
seu filho pequeno, como testemunha,
É. Maldito subversivo. Nada inteligente.

Martelada nos dedinhos
a criança abre o berro,
ainda faltam 8 soldadinhos
Ignorar a dor do filho...Que erro!

Desconta teu mau humor,
Racha ele ao meio, Dorival!
A cada estocada, a carinha dele, de terror
pra um menino, nada mal...

Deixa pra trás o lixo e o resto
da maldita subversão,
Limpa as mãos de trabalhador honesto
Sangue, fezes e vômito pelo chão

A excitação na hora,
até o dente, anestesiou,
não vê a hora de ver sua senhora,
um prazer decente, diferente deste, que gozou

Pede ao doutor que vá com calma,
que dor assim, gente de bem não merece
Mas enfim, tirou como se fosse um peso da alma,
E afinal, a pátria amada sempre lhe agradece

Nada como a harmonia do lar,
Uma oração e o cafuné na cabeça do filho,
Mais dois vermes conheceram seu lugar
Lá fora, a bandeira tremula e o sol reafirma seu brilho.

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