terça-feira, 27 de novembro de 2018
Meu Nascimento
O gato lambe a pasta cinza avermelhada colada ao asfalto quente. Observo o pombo imundo servindo de alimento..A morte dando mais um dia de vida ao felino caolho coberto de sarnas. Penso no homem com a cabeça estatelada no chão, nos confins da Espanha. Meu avô, bêbado e com a barra de ferro ainda vibrando na mão. Os olhos febris se alimentando do chafariz rubro a colorir as negras botas militares. Penso na fuga com a família para este terceiro mundinho e arroto a cerveja com a coxinha fria. Mais um dia alimentado pelo homicídio. O moleque pede um trocado. Mando embora. Apenas mais um nascido dessa estupidez que me enoja. Me respeitem, porra! Um homem deu sua vida miserável pelo meu nascimento!
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