domingo, 4 de dezembro de 2022

Presa Voluntária

 

Jogo-me a teus pés

como presa voluntária,

Desejo teu corpo sólido

como um farol de lubricidade

em meio ao tumultuoso mar da solidão!

Cace-me!

Consuma minha carne tenra!

Canibalize esse sentimento palpitante!

Aperte-o

Até fazer jorrar entre os dedos 

a seiva de minha gratidão!

O delírio se desfaz com o sono que me toma, após o último gole,

Estremeço,

lambuzando a calça puída,

e a visão do bêbado da praça

vai se escurecendo,

mirando o alvo de suas homenagens,

a estátua indiferente

a todo seu amor,

e a toda merda dos pombos

que voam sob sua cabeça dura

e vazia de sonhos.

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