domingo, 4 de dezembro de 2022

Teu Maior Pecado

 

Todos os dias

quando acordo,

cumprimento de forma agridoce

tua lembrança,

em cada objeto que detém algo de ti,

Cantarolo aquela velha canção dos Smiths

e estreito assim, teu corpo feito de luz e sombra

sob meu corpo velho e cansado

que já não corre ao teu encontro nos finais das tardes,

mas mesmo assim, ganha o carinho 

da palma de minha mão,

Esta palma que encontrava a tua,

num cumprimento dos mais belos e apertados,

aperto de mãos de melhores amigos,

acima de qualquer suspeita,

Você disse que não pediu meus presentes

porque não podia suportar a realidade do meu maior presente,

Este, imaterial,

Até meu corpo, você poderia destruir,

Eviscerar meu estômago faminto de ti,

Arrancar meus olhos a brilharem na tua presença,

Mas o presente que é a minha alma

Ainda te veria e te amaria,

Te assombrando pelo teu grande pecado

maior até do que a "santa igreja" quisesse nos impor,

maior do que fez o Criador te expulsar do paraíso,

Teu maior pecado foi despertar um coração solitário

das trevas de seu quarto abafado

e cheio de livros empoeirados,

Ao jogar-me essa luz que nunca se apaga,

Oh... Minha estrela da manhã!


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