terça-feira, 25 de junho de 2024

Esta Grande e Venenosa Aranha

 


Me enterro de novo

nos pensamentos do fim da tarde,

Procurando me agarrar

a qualquer lembrança mais pegajosa,

como uma mosca nessa teia de aranha

que é a vida,

que me envolve com seus dias

feitos de pernas cabeludas,

Mas ela não me devora,

Fica brincando com a comida

como uma criança birrenta,

--Será que esta dor de viver

tem cura, doutor?

== Espere. Vou lhe prescrever um remédio.

--- Não entendo porra nenhuma do que está escrito, doutor!

--- Poesia é como a vida. Não é para entender. É para sentir.

E aqui termino meu relato delirante.

Bebendo cerveja e olhando o papel rabiscado.

Sem saber que final dar ao poema,

Assim como não sei

se esta grande e venenosa aranha

enfim, um dia cansará de brincar

E então, engolirá de vez

Esta minha combalida e perdida existência.



André Diaz

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