sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Na Teia da Aranha




A multidão é formada de pequenos universos. Eu os observo, depois de deixar Christiane F. de lado, minha única companheira neste espaço tão cheio mas tão vazio ao mesmo tempo. Há um universo feminino formado de três componentes no banco aqui do lado. Cada componente desse universo parece preso, após rápida interação, ao universo formado por cada telefone celular, em cada mão. Há outro universo aqui do outro lado, formado por uma moça segurando um aparelho e com grandes fones de ouvido. Parece que seu trabalho é captar o ruído ao redor. Não consigo penetrar em nenhum desses universos. E o incômodo, por me achar cansado e com sono e não poder continuar lendo me joga nessa teia de aranha inevitável, que é a escrita. Estava sem vontade nenhuma de escrever, já a algum tempo. Só observava a grande aranha da realidade tecendo sua teia, mas habilmente não me deixava envolver. Pensei mesmo em não escrever nunca mais. Como não sou nenhum Rimbaud, não poderia largar tudo e ir pra Africa. Poderia no máximo, ir pra 25 de março e comercializar dvd's piratas em vez de armas.
Hoje esquentou. Mas ainda assim, a solidão é um bloco de gelo. Nenhum sorriso quente pra derretê-lo. Bom, quase, né? No caminho pra cá, uma mulher cuja aparência me apeteceu...Rosto afinado...Bela bunda...Peito proporcional...E pés com aquele arco sexy, esparramados num par de rasteirinhas, olhou com interesse pra mim. Passou por mim, e mais lá na frente, olhou pra trás.
Agora, você me pergunta por que diabos eu não fui atrás dela. Não. Não sou viado. Apesar de sofrerem com a estupidez da homofobia, arrumar quem queira transar é fácil para os gays. Até penso que a homofobia seja 90% enrustimento e outros 10% inveja, pois nós héteros temos mais dificuldade em lidar com as mulheres do que os gays entre eles. Porque pra esses malandros, o negócio parece ser fácil como colher 'mandioca'. É só ir no 'banheirão' e pegar. Mas não adianta, meus amigos. Meu negócio é xoxota mesmo. Por mais embaçado que seja, colher essa fruta. Quem nasce pra ser martelo, jamais será prego. Bom... Voltemos à fêmea que desejou este macho que vos fala. É que ela levava pelas mãos, duas crianças. Mesmo que não fosse casada. Fosse separada ou até fosse a tia das crianças, aquela presença infantil era como um enxame de abelhas indesejáveis em cima do mel. E fiquei parado para atravessar no farol, que abriu e fechou centenas de vezes, como um holofote colorido a registrar meu lúgubre momento de desapontamento, e meu pênis dando pequenos pulos, como se soluçasse pela xoxota perdida.
O que fazer agora? Bom. Decido me conformar com a situação e usar o triste episódio para quebrar o jejum de escrita. Pois percebo agora, que eu sou isso mesmo. Como a garotinha gorda que passou desanimadamente ao meu lado, com um porco de pelúcia nos braços. Ela sabe o que é. E eu sei que sou escritor. E você vai ter que me engolir. Mesmo que ache uma merda o que eu escrevo.
Agora, dá licença que eu vou ouvir o cd novo do Motorhead.


P.S: Ah! E já tenho candidato à deputado federal: Toninho do diabo!
Já que vou ser obrigado a trabalhar mais uma vez nas eleições, quero que uma gostosa me aqueça nesse inverno e que tudo mais vá pro inferno!!

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