terça-feira, 28 de abril de 2015

O Amor é Uma Rosa Vermelha Enfiada no Cu de Um Pitbull Sem Focinheira



Então minha mente ficou em silêncio. Porque podemos mentir pra todo mundo, menos pra nós mesmos. É a conclusão a que cheguei, enquanto recolho as fezes de minha cachorra em frente a velha casa da palmeira.
Onde eu poderia ter encontrado o amor, é onde recolho o resultado da cagada de minhas escolhas de quase trinta anos atrás. Não...Não teve importância...Era só uma garota com jeito de princesa, sorrindo pra mim, com uma tiara na cabeça. Quando passo em frente a casa, é como se esta fosse o túmulo de algo que deixei morrer, ou mesmo assassinei. Cometi o crime de ter sido um imbecil de 18 anos de idade, com os hormônios bombando como as pilhas do comercial daquele coelho que nunca para de tocar a porra do tambor. Tive a chance de viver o amor, mas a deixei escorrer pelos dedos, como se fosse água. Depois disso, quantas vezes não choraminguei, ao som de musicas piegas, sentindo-me uma vítima do destino? Mas o jovem sonhador acreditava de fato, que muitas coisas sensacionais o aguardavam. Quando temos dezoito anos, nada importa. Só os delírios eróticos que tomam conta de nossa mente, e a juventude há de transformá-los em algo palpável, como as nádegas da vizinha pendurando a roupa no varal.
Minha atenção estava voltada para as mulheres mais velhas, e aquela menininha não me acenava com nenhuma 'promessa sexual', só imagens de reuniões familiares e o pai dela me medindo de cima a baixo e me fuzilando com aquelas velhas perguntas:
--- O que você faz da vida? Tem ambições? Quais suas intenções para com minha filha?
Noite dessas, num de meus delírios masturbatórios, eu a vi se aproximar vestida de noiva, e lá estava seu sorriso, ela ainda ficava feliz de me ver. Mas chegando mais perto, o sorriso se desfez e sua maquiagem estava borrada pelas lágrimas que que desciam abundantemente. O buquê que trazia na altura do coração, não era de flores, mas de alface, a qual ela arrancava as folhas negras de podridão, num 'bem-me-quer', 'mal-me-quer' com dedos trêmulos.
Ela não vive mais lá. Certa vez, acreditei vê-la ao lado de um sujeito, segurando crianças pelas mãos. Não tenho certeza. Parecia ela. Mas não a menininha com tiara na cabeça. Era uma mulher de corpo feito. Uma mulher que tinha o sexo impregnado em cada movimento, mesmo segurando a mão de uma criança. Era um sexo que pertencia a outro, agora. Era um sexo que me escapou das mãos, e nem sobrou um pentelho pra contar história. Agora, os pais e o irmão também se foram, pessoas estranhas entram e saem. Mas ainda fico olhando, procurando algum vestígio daquela flor de menina. Mas só há uma roseira fazendo companhia à velha palmeira de sempre.
Minha cachorra dirige o focinho para uma cafungada, e quase tem a cabeça arrancada por um cão, que surge entre as grades do portão, salivando numa fúria possessa, como se de fato houvesse algum raciocínio naquele crânio achatado e soubesse de meu crime e quisesse dizer que lá já não havia mais o que eu procurava, e me arriscava a perder algo mais, se me atrevesse a esticar a mão.
Percebi então, que o amor não passa de uma rosa vermelha, enfiada no cu de um pitbull sem focinheira.

Um comentário:

Caranguejunior disse...

o amor é uma dor mano!