Chegando cansado em casa
depois de estafante ida ao supermercado,
Eis que me deparo com um acontecimento que me arrasa
Vi que meu inchado dedo, fora abandonado
Já não tinha aquele abraço à envolve-lo
dando aquele aspecto de enfeite
Fiquei a olhar e apalpá-lo inteiro
na vã esperança de achar o objeto ausente
Já perdi várias coisas na vida
de animais de estimação à amores de verdade
Mas hoje, envolvido pelos eflúvios da bebida
me dei conta desta real ambiguidade
Que se me acostumei com a solidão
Não me acostumei com a ausência de certos adereços
que se somem, causam sofreguidão
Jogando luz sobre aquilo que finalmente acho que já desmereço
Mas não, estava tudo ali
naquele barato e desprezível metal
Todas as desilusões que um dia sofri
E constatei toda a verdade afinal
O anel é como a poesia
Uma transmutação de minhas diárias dores
e sua perda é como um espinho que meu dedo furaria
ao manusear embevecido um buquê de flores!
Oh! Meus nobres amigos!
Eu perdi o meu anel
que em sua pequena e circular forma era como um abrigo
neste mundo tão feio e cruel
Agora ando desencantado
e desprovido do prateado anel
e com o solitário dedo, apenas com a marca ornado
levantando um brinde à mais uma decepção, amargoso fel!
André Diaz
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