sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Aliança de Sangue e Pus

 


Minha saudade

é uma flor nascida 

na rachadura da calçada imunda

dos meus dias perdidos sem você,

Rego essa flor com as lágrimas

que emolduram o sorriso sem alegria

de quem é chamado de chato

por quem se ama,

E as lágrimas fazem-se mar

e somos dois corpos de pólos opostos

à deriva na grande bóia do passado,

Com meu remo inútil

desfiro golpes sob teu semblante sarcástico,

que se parte em mil pedaços,

Espelho a refletir

minha própria desfiguração,

Pois este que odeia, não sou eu,

Pego teus dedos feitos de cacos

e mesmo ferindo-me profundamente

te levo comigo,

de mãos dadas,

Unidos no ressentimento e na devoção,

Numa aliança de sangue e pus.


André Diaz

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