Minha saudade
é uma flor nascida
na rachadura da calçada imunda
dos meus dias perdidos sem você,
Rego essa flor com as lágrimas
que emolduram o sorriso sem alegria
de quem é chamado de chato
por quem se ama,
E as lágrimas fazem-se mar
e somos dois corpos de pólos opostos
à deriva na grande bóia do passado,
Com meu remo inútil
desfiro golpes sob teu semblante sarcástico,
que se parte em mil pedaços,
Espelho a refletir
minha própria desfiguração,
Pois este que odeia, não sou eu,
Pego teus dedos feitos de cacos
e mesmo ferindo-me profundamente
te levo comigo,
de mãos dadas,
Unidos no ressentimento e na devoção,
Numa aliança de sangue e pus.
André Diaz
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