sábado, 2 de novembro de 2024

Cotidiano Enjôo

 

Descendo para comprar pão

no meio da calçada ali estava

um pássaro morto, estatelado no chão,

em meio às revoltas penas, só uma carcaça


Ninguém chora por esta ave

Nem repara na natureza toda à perecer,

Sua morte é mil vezes mais grave

que a de muitos humanos, devemos reconhecer


É a morte de nossos dias

Nós, insensíveis seres do asfalto,

mergulhados na ilusória era da tecnologia

Da qual o poeta, se sente tão farto


E desejoso, para que como o pássaro

fazer enfim, seu último vôo,

de um mundo tão frio e tão avaro

como um vômito às alturas, a partir deste cotidiano enjôo...


André Diaz



Nenhum comentário: