--- Bom dia!
Sandro pára, aterrorizado. Sua memória fraca lhe atormenta. Odeia quando alguem lhe cumprimenta, e ele não se lembra quem é a tal pessoa. Aquele sorriso aberto, luminoso, aquele olhar franco. A mão estendida, tão jovialmente. Tudo na atitude simpática daquele homem, mexe com os nervos do irritado Sandro, que não consegue esboçar nenhuma reação, só um movimento moribundo de cabeça.
Ele passa pelo homem, e ouve novamente, o 'Bom dia!' Olha para trás, e vê que o simpático e enigmático ser cumprimenta mais outra pessoa, que se mostra tão confusa como ele. Quem seria aquele abominável homem que cumprimentava?
A nova vítima do cumprimento, se aproxima dele.
---- Deve ser um louco! Não o conheço!
---- Cumprimentou-me, tambem! Alguem que sai cumprimentando as pessoas que não conhece, definitivamente deve ser um lunático!
--- Sim! E perigoso! Deveríamos fazer algo!
--- Vamos ligar para a polícia! Isso não pode ficar assim!
Saíram correndo, de encontro a um telefone publico. 'Talvez, mais uma vítima do cumprimento do louco!' Pensa alto, Sandro, e o outro homem, que não sabemos o nome, balança a cabeça, concordando com tão luminoso pensamento!
---- Alô! Policia? Eu, mais uma pessoa, fomos vitimas do cumprimento de um homem estranho! Obviamente, deve ser um louco! Ele deve ter cumprimentado, tambem, o telefone do qual me sirvo para lhes pedir socorro!
---- Oquê?! Ele cumprimentou o telefone publico?
--- Ah...Bem...Sem duvida! É um louco varrido!
---- Como se vestia?
Logo, a policia tem a descrição do louco que cumprimentava telefones publicos, e as viaturas estavam a sua procura, com pistolas sedentas de sangue!
Enfim, o terrivel 'cumprimentador' é avistado, e pego em flagrante, cumprimentando uma senhora idosa, que inocentemente, correspondia ao cumprimento!
---- Parado, aí, meliante!
---- Bom dia, seu guarda!
---- Paradoooooo!!!!!
O sorriso brilhante do 'criminoso' cega temporariamente, um dos policiais.
---- Meu Deus! Esse sorrisooooooo!!!!!
O outro, tremendo todo, mal consegue empunhar o revólver, ao ver se aproximar "o monstro" com a mão estendida para um ameaçador aperto de mão.
---- Atira, Junqueira!!! Ele vai nos cumprimentaaaarrrrrr!!!!!!!!!!!!!!!
Bang! Bang! Bang!
O corpo de um dos ultimos homens gentis, tomba na calçada cinzenta, debaixo de um céu cinzento, na cidade das pessoas cinzentas. Que volta a normalidade, com todos carrancudos, trombando uns nos outros, numa correria sem sentido, cujo destino é lugar nenhum.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
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Um comentário:
Pois é! a gentileza virou uma lenda nessa cidade de metropolitanos com os nervos a flor da pedra...
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