quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Bela Banalidade Da Bunda

    Hoje encostei numa bunda. E gostaria de dividir essa emoção com meus amigos.
A muito tempo, que não sentia uma bunda. A facilidade de manusear um pé, acabou me levando para essa direção, até mesmo por ter conhecido uma pessoa que gostava de fetichistas de pés, o que consequentemente acabou influenciando meu trabalho literário. Hoje, encostei numa bunda. Mas não pensem que sou um desses tarados que se esfregam nos ônibus. Não. Foi um acidente. Não nego que na adolescência, nós tínhamos tal costume, esperando o ônibus mais cheio possivel, para embarcar, movidos pelos hormônios à mil, nessa fase da vida. Literariamente falando, os pés são muito mais ricos que a bunda. Eles sustentam. Eles levam. Você cai sobre eles. E você os lambe. Você pode levar essas minhas palavras ao "pé da letra"... Ou lhes dar outros significados... Vêem como os pés são valiosos? Não ergam bustos aos seus heróis! Façam esculturas de seus pés! Mesmo que tenham joanetes, caramba!
    Mas...E a bunda? Larguei a bunda de mão, quando percebi que ela não me levaria mais longe. Mas, os pés me levaram... E é por causa deles, que atualmente escrevo esse blog, pra vocês....Ou pra mim mesmo... Que importa? Escrevo por que é preciso. E cada letra forma um artelho que sustenta este meu corpo espiritual. Pois minha alma depende desse ofício não-renumerado. E o ganho é mais vida que me põe a andar. E eu vou andando pela cidade... Com pés feitos de vontade poética...Minha vontade é uma centopéia, com vários pézinhos.... Uma centopéia monstruosa... Que a maioria não entende e sente repulsa...
    E a bunda...Mesmo enchendo os olhos...Ah...A bunda é vazia... A bunda só pode oferecer cocô... Mas, hoje encostei numa bunda... E foi bom... Talvez... Porque a bunda não nos faça pensar! Os homens sentados em frente a TV, assistindo a um programa como o "Pânico", são como crianças na "fase anal"... Embasbacados...Lambendo de seus dedos trêmulos, o cocô que lhes é oferecido... A época em que poetizava a bunda... O que acabava na minha mão, era invariavelmente isso....Merda!
    A bunda está muito enraizada no banal. Mas, hoje, após encostar naquela bunda, me dei conta da bela banalidade da bunda! Mas, não devemos poetizar a bunda....Creio que a bunda seja um pão francês... E que deve ser comido... Por que francês, e não integral? Porque a bunda em que me encostei hoje, era branca...Mas vai do gosto de cada um...Integral ou não....A bunda sempre será igual... Afinal, se a bunda representasse algo de elevado, a expressão "cara de bunda" não existiria, não é mesmo?
Não digo que não se possa escrever um bom poema sobre a bunda. Claro que é possivel...Mas, o segundo será igual ao primeiro...Ou seja, a mesma merda...É um tema que acaba num abismo...A bunda acaba num buraco negro, meus amigos!
    A bunda apela para os instintos mais baixos...Não há intelectualidade que consiga montá-la, e conseguir enfiar no meio dela, um supositório de dignidade em seu poço sem fundo de banalidade!     Marlon Brando mostra seu pior (não estou falando da atuação, sempre estupenda, me refiro ao personagem) em duas cenas que envolvem a bunda, em "O Ultimo Tango em paris", a da manteiga, e a do cortador de unhas. Inclusive, assisti com minha mãe, que horrorizada, coitada, após esta ultima, disse:
---- Marlon Brando acabou pra mim!
     Tem tambem, "Je T'aime Moi Non Plus", em que a bunda é usada como amarra, para segurar um improvável relacionamento. E por fim, a mais representativa história de um colecionador de objetos inuteis, obcecado pela bunda (aqui, metamorfoseada como personagem) de uma garçonete, e seu fim, é morrer com a cara no chão do banheiro, em "O Cheiro do Ralo". Nestes casos, a bunda fez arte. Nestes casos, o cu é "cult", mas mesmo assim, não deixa de ser o que é. Por mais perfume que vocçe jogue num gambá, ele sempre irá feder.
    Acabar com o nariz enfiado no ralo... Esse é o destino do adorador da bunda. Nada contra gostar da bunda. Pois o arrepio que me percorreu a espinha, hoje, ao encostar naquela bunda, é prova mais que substâncial, que nunca deixarei de apreciá-la. Mas, deixar que ela me envolva, que me engula para dentro de si, como "Mr. Snoid", personagem dos quadrinhos de Robert Crumb...Não... Não mais... Os pés podem me levar muito mais longe... Bem para longe de um cômodo sofá, em frente a uma TV, exibindo o programa "Pânico"...Não... Chega de lamber a merda dos dedos... Contemplem se quiserem, a bunda...Comam-na como pão...Mesmo que seja aquele, que o diabo amassou ( aquela velhinha...murchinha...como diria o Costinha) Mas, não se percam dentro dela...Corram com os pés da sua criatividade! Da sua vontade por esse mundo incrivel, que é sua própria alma!
    Pois o tempo é cruel...E, quando decidirmos abrir os olhos...Poderemos ver, tarde demais, que ele nos deu um belo "pé na bunda" de nossos sonhos.

Um comentário:

Caranguejunior disse...

Gosto das bundas, mas no momento não tenho nádegas a declarar...


massa o texto Andrezim!

Queria escrever como tu...

abrax!