Já faz uma década
que vagueio à esmo,
com um rombo em meu peito,
Sabe porque, amor?
Você comeu meu coração!
Se fartou com minha entrega e carinho,
Não só de presentes materiais
mas todo meu sentimento palpitante
numa bandeja de prata
a respingar sangue e paixão
nos fins das tardes ao teu lado,
Senti o medo em teus olhos,
Era uma refeição farta demais?
Seu apetite não chegava a tanto?
Teu garfo não daria conta?
Mas você comeu meu coração, assim mesmo,
Vomitando os restos,
Enjoado de ti mesmo,
E me mandou embora,
Mesmo sem expressar essas palavras,
E eu fui,
Como alimento rejeitado,
Jogado no lixo do medo,
Apodrecendo aos poucos,
Corroído pelos vermes da saudade,
E cada lágrima como chorume
haverá de feder em tuas narinas,
E não terás uma noite tranquila,
Pois meu cadáver putrefato
Irá de assombrar teus sonhos mais íntimos
e enfiará tua cabeça altiva
no rombo de meu peito escancarado!
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