terça-feira, 10 de maio de 2011

O Viajante e O Vaginão

--- Você é viajante?
--- Hmmm...O quê?
--- Se você é viajante!
--- Não.
--- Parece.
     Estava a caminho de fazer uma cobrança, carregando minha mochila. E uma senhora me parou com esta pergunta. Depois, refletindo melhor, deveria ter dito que sim! Sou mesmo um viajante, um peregrino, sem nada de santo, admito. Um ser dividido em dois "(S/Z)?" Ou mais. Uma parte ansiando as delicias da luxuria. Outra, a pureza espiritual. Mas, todas essas partes, numa viagem constante, sem duvida!
     Chego ao meu destino (temporário, vejam bem), toco a campainha, mas não ouço o som. Estará quebrada? Toco de novo. Nada. Resolvo bater. Silêncio absoluto. Enfim, a voz de uma criança:
--- ÔÔÔÔ, ZÉÉÉÉÉ!!!!!!!!!!!Tão batendo na portaaaaaaaaaaa!!!!
      Penso: " Bom. O tal do Zé vai aparecer."
      Passam-se minutos, como pequenas partículas de eternidade, resolvo tocar e bater de novo.
      De repente, vejo um focinho de cachorro embaixo da porta. O curioso desse cachorro, é que ele não latia. Só fungava!
      Um cachorro mudo? Como ser um cão, e não poder expressar os sentimentos, sem poder grunhir ou latir? Será tudo na base do balançar de rabo? Deus! Creio que seja um cão imcompreendido!
      Eu mesmo, sempre tive voz, mas foi sempre duro para que alguem me compreendesse. Creio, então, que este blog seja o "rabo" que sacudo, quando estou feliz, ou que coloco entre as pernas, quando tenho medo!
      Dizendo "caetanamente": "Ou não!" Puxa! Nunca achei que o simples fungar de um cão mudo, debaixo de uma porta, me faria pensar tanto. Encher linguiça? Não. É simplesmente, "viajar". Poisé, eu "viajo", até sentado nesta cadeira!
     Não sei se é bom, ou mau, mas sou um cara muito "mental". Um amigo, veio falar outro dia, sobre futebol. Mas, admito que não acompanho, às vezes vejo algum jogo. Não manjo nada, desses papos "técnicos." Na verdade, admiro o lance "físico". Quando mais jovem, eu invejava as pessoas "físicas". Hoje, aprendi que a inveja é um puta sentimento negativo, e só faz com que atrasemos com nossas vidas. Assumi que sou uma pessoa "mental." E hoje, apenas, admiro as pessoas "físicas". A vida parece tão mais simples, para elas! Atravessar este mundo lugubre, com pernas e braços fortes, e nenhuma "minhoca-existencial" na cabeça!
     Sim! Me parece bem mais adequado, que escrever linhas e linhas, armado apenas, de um velho dicionário Aurélio!
     De repente, a porta se abre, e há uma garotinha na minha frente.
--- Olá! A Dona "Fulana" está?
--- Minha mãe saiu! Tipo... Ela foi trabalhar!
--- Sabe se ela deixou o cheque do seguro?
--- Eu não sei!
     "Será que o Zé, não sabe?" Pensei em dizer, mas calei-me.
--- Bom... Tudo bem! Depois eu volto!
--- Esperaí! Vô perguntar pra empregada, se ela sabe!
--- ÔÔÔÔÔ, ZÉÉÉÉÉ!!!!!!!!!!!! Tem gente na portaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!
     Então, aparece a empregada, que toma um susto ao ver a menina com a porta aberta, falando com um estranho.
--- Ai, sua peste! Se sua mãe fica sabendo!!! Vem pra cá!!!
      Ela agarra o bracinho da menina e bate a porta na minha cara.
      Fico lá, olhando para a porta. Decido bater de novo. O focinho do cachorro mudo aparece novamente.
--- ÔÔÔÔ, ZÉÉÉÉÉ!!!!!!!!!! O "ômi" ainda tá na portaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!
     A empregada volta e lhe digo que vim buscar o cheque do seguro.
    Mais um pouco, e ela finalmente surge com o cheque na mão. E eu vou embora.
    Lembrei de toda essa situação bizarra, porque no momento, estou apenas de "fraldão", uma boina e gravata, atrás de uma cortina, esperando minha vez para recitar um poema. Duas moças estão lá no palco. Perguntando à platéia, se ela "ouve seus ovos!" Alguem entra na loucura, e diz: "Eu ovo!!"
    Foi tudo bizarro, e creio(terei que ver o video pronto) que fui eu, o mais estranho e chocante poeta que pisou naquele palco!
   E isso é bom? Sei lá, senti -me nervoso, Aos olhos de quem assistia, devo ter parecido (citando meu primeiro poema)" RI-DI-CU-LO!! "
  Mas, naqueles loucos momentos... Eu existi!!
  Sim. Percebo que o artista precisa do palco. Como o óvulo precisa do espermatozóide, para que se dê a magia da vida! Mas, a ficha só caiu, após a apresentação, quando fomos a uma pizzaria, comemorar. As pessoas pareceram espantadas, ao descobrirem que eu era uma pessoa timida. Bem diferente, daquela figura batendo "asas" e "cacarejando", como um fugitivo de hospício.
   Então, bateu-me uma espécie de "depressão-pós-palco". Aquele, sentado, comendo pizza... Não era mais "a minha existência".
   Ela ficou naquele palco! Que na verdade, me aterrorizou no início, coisa que até me fez cair do banco, colocado de modo, que o atravessássemos, após recitar o poema. Pois nós "nascíamos", quando entrávamos no palco. A proposta era essa, a abertura da cortina, era na verdade, um "vaginão", E nós nascíamos de fraldas. Então, já nascidos, não poderíamos retornar à grande vagina! "Quem nunca pensou nisso, um dia?" Mas, cada vez que íamos recitar... Nós dávamos a volta, e nascíamos novamente, para um novo poema! "Reencarnação?" Sim, amigos! Artista quer palco, por mais aterrorizante que seja! Acham que me considero artista, por escrever este blog? Não! Apenas um chato, que escreve suas neuras e sonhos e tenta socar tudo goela abaixo, dos camaradas, enviando seus avisos de atualização.
    A apresentação dos "Poetas do Tietê", era o resultado de uma oficina de poesia, que fazíamos nos fins de semana. Na semana seguinte a apresentação, a qual descrevi, não nos veríamaos, pois meus amigos queriam viajar no feriado, fiquei então, "viajando" no papel mesmo, e mais triste, pois demoraria mais tempo, para "existir" de novo!
   Então, decidi colocar a "casca vazia" para dormir. Enquanto, minha "alma" ficaria lá, ansiosa, atrás daquela cortina, com a cabeça, louca para emergir da grande vagina. Como um bizarro "fantasma-da-ópera-de-fraldas!"

Um comentário:

Caranguejunior disse...

Aí nasceu, mais uma vez, esse bando de poetas loucos chamados Poetas do Tietê!

E vamos continuar nascendo!

abraço Andrezão!